domingo, 24 de janeiro de 2010

AUTO AMOR

Livro: Coleção Vivendo e Aprendendo
Autora: Cláudia Assis


A centopéia com cem e a minhoca sem pernas



Num belo jardim, cheio de flores, plantinhas e árvores, o sol iluminava o dia e o céu azul transmitia paz e alegria.
Neste mesmo jardim, recostada numa pedra, estava a dona Centopéia com suas cem patas, ora servindo como braços, ora como pernas.
Mas o que será que dona Centopéia está fazendo agora?
- Eu estou aqui nesta pedra, cansada. Porque será que tenho tantas pernas? Ai, que dor nas pernas! Não agüento mais andas!
Assim gastava seu tempo precioso com lamentações.



Enquanto isso vem cantando a dona Minhoca, que entra e sai da terra deixando pequenos buraquinhos, por onde entra o ar que ajuda as plantinhas.
- Ei! Dona Minhoca, de onde você tira tanta alegria para cantar? – perguntou dona Centopéia.
A dona Minhoca respondeu com alegria contagiante:
- Ah! Querida amiga, eu estou feliz porque estou viva! Veja esse sol lindo, esse céu azul. À noite, a lua branca ilumina o céu junto com as estrelas radiantes.
- Mas você não tem braços nem pernas, como consegue deslocar com tanta alegria? – perguntou a centopéia querendo descobrir a fórmula da minhoca.
- É simples! – respondeu a dona Minhoca, eu vou me arrastando assim... Eu subo, eu desço e não preciso de braços e pernas para tornar a terra fofinha. Sabe dona Centopéia, todos nós temos uma função importante na vida e precisamos uns dos outros para que tudo funcione bem.



- Deixe eu entender melhor! A senhora, dona Minhoca, faz o ar entrar na terra, e ao mesmo tempo solta húmus que vai torná-la fértil para as plantas crescerem. E o que você ganha com isso? – perguntou a centopéia.
- Ah! Eu fico feliz de ver a beleza das flores, das árvores, das plantas, mas também é da terra que tiro meu alimento.
- Sei...! Agora entendi o quanto você é importante para a terra e a terra também é importante para você – afirmou dona Centopéia um pouco mais animadinha.



- E você, dona Centopéia, deve agradecer a Deus todas as pernas que Ele lhe deu. Todos nós somos diferentes uns dos outros, mas antes de nascermos, nós mesmos escolhemos ser como somos – falou emocionada a dona Minhoca, e aproveitou para perguntar:
- Dona Centopéia, a senhora sabia que antes de nascermos nós escolhemos ser assim como somos? Eu uma minhoca, sem pernas e braços, e a senhora uma centopéia cheia de pernas.
- E Deus deixou porque seria bom para nós? – perguntou a centopéia.
- Sim, querida amiga! – respondeu a minhoca.
- Veja dona Centopéia, eu sou chamada de verme, olhada com descaso por muitos, mas não me importo. Faço o meu trabalho com amor e alegria, sou útil à natureza, assim como a natureza é útil para mim e sou feliz do jeito que sou. Eu me amo e amo a todos!



- Ah! Que conversa importante! – disse mais aliviada a dona Centopéia. – Vou tentar reclamar menos da vida, eu também sou feliz e tenho muito para fazer e ajudar!
E a centopéia levantou-se, olhou para o céu e sentiu sua paz. A energia do sol também foi notada pela amiga centopéia. E num suspiro profundo pensou:
- Graças a Deus! Estou bem mais forte agora, obrigada senhor pelas minhas pernas!



E as duas amigas seguram seu caminho, cada uma na sua função, mas com o coração leve e a mente tranqüila.

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