quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A ONÇA E OS MACAQUINHOS

Num grande jardim zoológico, todos os animais possuíam sua horas de liberdade, em que podiam andar soltos pelo parque. Os zeladores, entretanto, tinham o cuida-do de não libertar, ao mesmo tempo, os animais ferozes e os mansos, mas os que viviam sobre as árvores jamais eram enjaulados, porque ali se achavam seguros, defendendo-se com facilidade quando necessário. Havia nesse jardim zoológico uma enorme onça. Sua jaula ficava perto de um pequeno lago, a beira do qual uma gigantesca árvore era a morada de uma grande quantidade de macaquinhos. Ora, todas as pessoas que passavam perto da jaula notavam como a onça olhava para os barulhentos macaquinhos enquanto, raivosa, caminhava de um lado para o outro. – Pobres bichinhos! Diziam uns – Se caem nas unhas desse animal, desaparecem num instante!... Outros, dirigindo-se à onça, enquanto apontavam para os macaquinhos, diziam: – Que petisco bem gostoso, heim?! Tens mesmo motivo para estares assim, de olhos cobiçosos! Todos percebiam que o animal só aguardava o momento propício para devorar seus alegres vizinhos. De dentro da jaula, a enorme onça não deixava de olhar para a gigantesca árvore e, em suas horas de liberdade, não se afastava das redondezas, sempre vigilante, atenta aos menores movimentos dos cobiçados macacos. Mas os macacos também eram atentos e vigilantes. Quase não desciam da árvore e só o faziam quando estavam com muita sede ou em busca de algum alimento que caísse e, mesmo assim, somente quando viam sua feroz vizinha enjaulada. E os dias iam passando, passando... Certa vez, porém, um dos zeladores, ao distribuir a ração para a bicharada, aproximou-se da onça e, pesaroso, falou: – A senhora me desculpe, dona onça, mas hoje não há carne. Trouxe-lhe, entretanto, alimentos gostosos. Veja como estão madurinhas estas frutas!... E, porque o animal se mostrasse desinteressado, o zelador continuou: – Olhe! Já que não gostou do que lhe trouxe, vou soltá-la mais cedo. Assim dizendo, o guardião abriu a jaula e, enquanto a fera transpunha o portão, lançou o alimento rejeitado ao lago. Houve logo um barulho ensurdecedor na grande árvore. A macacada arregalava os olhos ao ver nas águas as cheirosas e apetitosas frutas! Que maravilha de alimento! Mas como apanhá-lo? A onça estava nas imediações e os vigiava... Esperar até que ela se recolhesse seria uma pena! Aquilo não ficaria ali tanto tempo. Assim pensavam os macaquinhos, enquanto olhavam em algazarra as frutas, que continuavam no lago, ainda perto da árvore. Mas os animaizinhos eram espertos. Tão espertos quanto travessos. Num só movimento, juntaram-se em grande alarido, como se estivessem a combinar um plano de ação. Gesticulavam, guinchavam cada vez mais. Depois silenciaram. Pareciam estar à espera de alguma coisa. A onça gulosa caminhava de cá para lá e de lá para cá, como se também esperasse algo. Andava vagarosamente, mas olhando sempre para cima da árvore. De repente, parou, estendeu-se ao solo e encostou a enorme cabeça nas poderosas patas. Continuava a olhar para os macaquinhos, mas, vencida pelo cansaço, seus olhos foram se fechando aos poucos, até que ficou tão quieta que parecia estar em profundo sono. Então, os espertos macacos se entreolharam e um deles, o maior, começou a descer a árvore cautelosamente, bem devagar. O silêncio era grande e a onça continuava a dormir. De repente, o macaquinho escorregou e caiu, partindo um galho. A onça acordou e saltou, jogando-se sobre o macaquinho que, com rapidez, tornou a subir na árvore, embora a ponta de seu rabinho ficasse nas garras da fera. Os gritos de dor e susto do pobre bichinho confundiram-se com os guinchos de nervosismo de toda a ma-cacada. Era uma gritaria ensurdecedora! Todos olhavam apavorados a onça, que novamente se estendia ao solo, enquanto lambia as garras que ainda traziam um bocado de pelos do macaco. Não! Não seria possível descer com tamanho perigo por perto. E os macaquinhos não se cansavam de olhar para as apetitosas frutas que ainda continuavam no lago. Passados alguns minutos, juntaram-se outra vez para planejar e tiveram uma grande ideia. Fez-se silêncio na grande árvore, novamente a onça dormiu e os bichinhos, com muito cuidado, foram até a extremidade do galho que se estendia sobre o lago e então, segurando-se um na cauda do outro, formaram uma espécie de corrente pendurada, por onde o menor dos macaquinhos começou a descer. Quando ele chegou perto do último, este, que estava perto da água, começou a apanhar as frutas, uma de cada vez, entregando-as ao companheiro que subia apoiando-se nos outros, para guardar as frutas na parte oca da árvore. O pequeno macaco descia e subia, enquanto a corrente de macaquinhos se mantinha firme. Em pouco tempo não havia mais nenhuma fruta no lago. Todas haviam sido apanhadas. Os macaquinhos começaram a recolher-se. Do último para o primeiro, to-dos subiram, sempre em silêncio até estarem em segurança na árvore. Quando viram que não havia mais perigo, gritaram, pularam e deram cambalhotas, como se estives-sem festejando o grande feito. Depois, alegremente, puseram-se a saborear as gostosas frutas, enquanto a onça, furiosa, retirava-se para a jaula.










Livro Conte Mais - FERGS Faixa Etária: Jardim Temas: Cooperação/Valor da União

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