quarta-feira, 26 de abril de 2017

PLANEJAMENTO DAS AULAS

                           
   

Importância de uma boa preparação

Rita Foelker

Uma boa preparação é fundamental para o êxito de qualquer trabalho. Preparar a aula, sim, mas também preparar a si mesmo e preparar o ambiente de trabalho.

Preparação da aula

Preparar a aula é seguir alguns passos que se resumem basicamente em:
1º. Definir o tema;
2º.  Definir um objetivo, dentro do tema;
3º.  Pesquisar o assunto;
4º. Definir uma estratégia para atingir o objetivo proposto e o buscar material necessário;
5º.Avaliar resultados.
Para que uma aula seja dinâmica, é necessário que se observe diversos aspectos do tema, levando em consideração os interesses da turma e as conseqüências práticas para suas vidas.
Uma pesquisa bem feita, em fontes espíritas e não-espíritas pertinentes, é o ponto de partida. Escolha uma estratégia adequada ao estilo de ser do grupo e à faixa etária, e monte um roteiro para sua aula com atividades variadas porém unidas dentro de um objetivo (ex.: leitura - discussão em grupo - dramatização; ou jogo - diálogo - pintura; etc.).
Assim, você obterá mais atenção e, consequentemente, mais conhecimento será fixado.

Preparar a si mesmo.

Muitos educadores estão despreparados para o compromisso que assumiram independente da boa vontade que possuam. Mas isto pode ser solucionado mediante estudo, leituras e trocas de experiências com colegas, além dos cursos e encontros, que costumam abrir a mente e desvendar um novo universo para quem tem chance de participar.
E há também a preparação íntima. Esta inclui:
1.Um bom nível de comprometimento, que cria a predisposição psicológica para cumprir todos os quesitos que este trabalho exige;
2. Flexibilidade, para saber agir diante de cada situação nova; para mudar o jeito de trabalhar, se for preciso; para alterar o plano de aula no momento da execução, se isto se mostrar conveniente, para seguir as intuições dos Espíritos e para ouvir e respeitar opiniões diferentes das suas;
3. O estabelecimento de uma ligação espiritual com os protetores e orientadores da tarefa, que trabalham conosco (educadores e alunos) através da intuição e da inspiração.

Preparação do ambiente

Tão importante quanto preparar a aula e a si mesmo, é preparar o ambiente físico e espiritual da aula.
Vamos imaginar duas situações:
A turma A chegou para a aula semanal e o educador, que já estava na sala, recebeu cada um com um sorriso e uma palavra especial. As cadeiras já estavam dispostas e, o material a ser usado, sobre a mesa. É claro que isto só foi possível porque o educador A chegou ao Centro com bastante tempo para deixar tudo pronto.
A turma B chegou para a aula semanal e a porta da sala ainda estava trancada, de modo que ficaram esperando do lado de fora. Quase dez minutos depois, chegou o educador B com a chave e carregando uma parte do material, já que o restante, com a pressa, ele acabou não se lembrando de pegar.
Pergunta: Qual é o trabalho com mais qualidade, o A ou o B? Em qual dos dois os resultados são melhores? Qual dos dois educadores você gostaria de ser?...

Num local bem organizado, limpo e claro, as crianças aprendem muito melhor. 
A preparação do ambiente espiritual também é importante. Chegar mais cedo e reunir-se com os colegas num local tranquilo, proceder a uma leitura e uma prece nos ajudam a encontrar equilíbrio e mobilizar os recursos internos para a atividade que vai começar. Estes momentos de recolhimento e elevação nos aproximam dos Espíritos amigos e facilitam a ligação espiritual com eles. Para tanto, não necessitaremos mais do que dez minutos.

Preparação do ambiente para o trabalho

Rita Foelker
Antes de se iniciar qualquer aula, é importante preparar o ambiente físico e espiritual.

a) Ambiente Físico

É representado por tudo aquilo que a criança têm ao alcance de seus sentidos materiais, para seu crescimento e desenvolvimento, desde os objetos que manuseia até as características visuais e os ruídos.
Para um bom desenvolvimento de nossas atividades, é importante que o meio favoreça a liberdade de movimento e de expressão dos alunos, que eles se sintam à vontade para o trabalho, o estudo, a pesquisa, o jogo, a brincadeira e a descoberta.
Na preparação do ambiente físico, observaremos as condições de: limpeza, iluminação, mobiliário, ventilação, decoração e material.
Todos os elementos do ambiente devem proporcionar uma sensação de harmonia e ordem, que conduzirão a criança à organização interna, à disciplina e à tranquilidade.
Poderá haver um canto destinado a tapetes (esteiras, almofadas, etc.) em quantidade condizente com o número de alunos, que as crianças serão orientadas a utilizar com cuidado e guardar em ordem. Alguns livros poderão estar disponíveis e até jogos, caso o Centro não conte com uma Biblioteca Infantil.

b) Ambiente Espiritual

A Educação da Criança e do Jovem não é uma tarefa restrita a uns poucos trabalhadores dos Centros Espíritas. Numerosos Espíritos estão empenhados neste trabalho, de repercussão profunda na sociedade e no progresso do planeta como um todo. Estes Espíritos se aproximam daqueles que encaram o compromisso com dedicação, seriedade e amor, e os assistem no desempenho de suas atividades. Para iniciarmos e cultivarmos a afinidade com estes Companheiros é importante manter sempre pensamentos condizentes com nossos propósitos, estando receptivos a suas inspirações e intuições.
Mas antes das aulas, é possível estreitar mais os laços de sintonia, reservando alguns minutos à reunião entre os educadores. Num clima de calma e recolhimento, pode-se, então proceder a alguma leitura breve seguida de uma prece espontânea.
Não mais que dez minutos são suficientes para que nos situemos longe das preocupações cotidianas e dentro dos objetivos superiores a que nos propusemos.

Pondo em prática

Às vezes não é fácil ser racional e intuitivo, seguir o planejamento e, ao mesmo tempo, ter agilidade para mudar se necessário, e ninguém pode ensinar como fazer isto.
Muitos deixam de ser mais hábeis e criativos nas aulas por medo de errar. Aliás, um dos grandes fatores de ansiedade para os educadores que temos encontrado em nossas caminhadas é a insegurança quanto ao conteúdo. Será que realmente estão em condições de abordar um tema doutrinário com clareza e precisão? - eis o que nos perguntam.
Sempre digo que quem vai falar de Espiritismo para as crianças e os jovens deveria ser o mais assíduo participante dos estudos doutrinários da Casa. Mas há duas realidades que precisamos encarar:
1º. Jamais vamos saber tudo, absolutamente tudo, portanto nem sempre teremos todas as respostas. É bem verdade que aprenderemos muito enquanto planejamos as próprias aulas, lendo livros, mas nosso saber doutrinário tem necessariamente um limite.

2º.   Mais cedo ou mais tarde, todos podemos nos enganar. Aliás, é muito raro encontrar alguém que nunca se enganou. Podemos dizer alguma bobagem, deixar uma impressão errada com relação ao tema. Por isso, sempre que vamos pesquisar um assunto, é recomendável verificar o que as obras de Allan Kardec dizem sobre ele.
E quando não soubermos como responder uma pergunta, o melhor é dizer que não sabemos, mas que vamos procurar nos informar. Assuma, quando der uma resposta da qual não tenha plena certeza e confie nisto: se você errar em alguma informação fundamental, a vida lhe trará a oportunidade de rever e de retomar o assunto com o enfoque correto.
Às vezes, nossa insegurança não vem da falta de conhecimento de Espiritismo, mas é um traço emocional, faz parte da nossa personalidade e também aparece em outras ocasiões. Será que este não é o seu caso?
Ø  Montar um plano de aula bem estruturado, conhecer bem os seus alunos e confiar nos Amigos Espirituais são maneiras de diminuir ansiedades e inseguranças.
Ø  Cobrar de si mesmo perfeição e infalibilidade é um dos aspectos da vaidade e do orgulho. Ser natural e aceitar a possibilidade de falhar é ter humildade e aceitar-se como ser humano e como Espírito em evolução.
Ø  Respeito, naturalidade, sinceridade e dedicação vão nos ajudar a progredir em conhecimentos e na tarefa educacional.

Exemplo prático

Vamos verificar um plano de aula com base nos passos sugeridos acima? 

Tema: Espiritualismo e Espiritismo

1º passo: Definir o tema.

Conceituação do Espiritismo: O que é o Espiritismo? O que caracteriza mais fortemente o Espiritismo enquanto Doutrina?

2º passo: Definir o objetivo.

Nosso objetivo principal será levar a perceber as principais diferenças entre o Espiritismo e o Espiritualismo. O trabalho será dirigido à Pré-mocidade, na faixa dos 12 aos 14 anos. Pergunta-chave: qual a diferença entre Espiritismo e Espiritualismo?

3º passo: Pesquisar textos e material.

Em O Livro dos Espíritos, vamos buscar na "Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita", primeiro parágrafo, como Kardec define estas duas palavras.
Vamos procurar figuras ou músicas que mostrem manifestações de crenças espiritualistas de todo o mundo, como Budismo, Catolicismo, Xamanismo, Hinduísmo, Judaísmo, etc.
Há também um texto intitulado "Espiritualismo e Espiritismo", escrito por nós, que se encontra no livro Um Pouco Por Dia, Ed. EME. É uma fonte adicional de consulta.

4º passo: Criar uma estratégia que conduza ao objetivo definido.

Motivação
Nossa proposta é de preparar o ambiente espalhando fotos ou imagens diversas de manifestações espiritualistas, no maior número possível.
Frases ou pequenos textos de tradições diversas podem ser usados. Mantras, canto gregoriano,  tambores rituais, etc. fariam o fundo musical. Coloque também O Livro dos Espíritos, em destaque.
Os alunos entrarão na sala e serão estimulados em sua curiosidade a respeito do material exposto. Esta já é uma maneira de levar a perceber também a sociedade e suas diferenças, o que, nesta faixa etária, se torna bastante interessante.
Desenvolvimento
Quando todos estiverem presentes, peça que se sentem, desligue a música e pergunte se eles sabem o que é tudo aquilo. O que aqueles sons, imagens e textos têm em comum? Todos representam a crença em alguma realidade fora da matéria.
E o Espiritismo? Onde se encaixa?
Inicie um diálogo, com base no texto pesquisado n' O Livro dos Espíritos.
Destaque o fato de que todas as crenças são legítimas e precisam ser respeitadas.
O Espiritismo, porém, tem algumas características que o diferenciam do Espiritualismo (ver abaixo o quadro comparativo).

QUADRO COMPARATIVO
Espiritualismo
Espiritismo
Oposto do materialismo; crer que exista “algo” além da matéria.
Crença na existência dos Espíritos e em suas comunicações com o mundo material, além dos demais princípios da Doutrina (crença em Deus e na multiplicidade dos mundos e das existências)
Fé sem necessidade de compreensão racional.
Fé raciocinada.
Nasceu junto com a Humanidade, da intuição da existência de um ou vários poderes que governam o Universo.
Nasceu no dia 18 de abril de 1857, com a publicação de “O Livro dos Espíritos”, que contém os princípios da Doutrina Espírita.
Pode necessitar de intermediários (sacerdotes) e lugares especiais (templos) para a ligação com Deus.
Ensina que a ligação com Deus é feita por qualquer pessoa e em qualquer lugar, através da prece sincera.
Crença no sobrenatural.
Certeza de que tudo o que existe é resultado de leis naturais, sendo que nada existe de sobrenatural.
Seus adeptos são espiritualistas.
Seus adeptos são espíritas.
Atividades Finais
Confeccione tiras com as características apresentadas no quadro. Use uma cartolina dividida ao meio com as palavras Espiritualismo e Espiritismo escritas no alto, uma de cada lado. Peça aos alunos, um a um, que vão pegando da mesa as tiras e colocando-as nos lugares certos.
Peça aos alunos que, se souberem, completem o quadro com outras diferenças, sempre justificando suas opiniões. Que tal ouvir as músicas novamente?

5º passo: Avaliar resultados.

Proponha aos alunos que montem, em grupo ou individualmente, uma apresentação destacando e explicando as principais características da Doutrina Espírita estudadas. Ex.: Fé raciocinada, o que é, qual sua importância; etc. Este trabalho poderá ser apresentado no próximo encontro.
Agora, se perceber que a classe já está madura para um estudo mais minucioso, indique a leitura de O Livro dos Espíritos, "Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, VI - Resumo da Doutrina dos Espíritos". Peça que cada um escolha um parágrafo e traga um pequeno comentário sobre ele, no próximo encontro, explicando o que entendeu.


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